
Tenho ouvido muita gente falando sobre “fazer dieta”. E a maioria
destas pessoas entende a palavra “dieta” como o ato de não comer, de forma
radical mesmo, passar fome. Outras preferem adotar as dietas de capa de
revistas, com aquela manchete em letras garrafais na capa dizendo: “Ela perdeu
14 quilos em 5 dias com a dieta da casca de ovo!”. Lamentável! E de uns tempos
para cá, algumas pessoas vem ressuscitando uma antiga prática: o treino em
jejum. Não sou nutricionista para abordar o tema alimentação, mas minha
formação em Educação Física me permite falar sobre os efeitos fisiológicos de
tal prática.
A tentativa de obter melhores resultados com a prática de exercícios físicos para
perder peso
e diminuir a gordura corporal leva as pessoas
a adotarem alguns hábitos que acabam se popularizando sem que existam
comprovações científicas.
O treinamento em jejum tem sido difundido, apesar de não estar baseado
em nenhum trabalho científico que comprove sua teoria. A hipótese na qual o
princípio está baseado é a de que após certo período de jejum, o organismo
teria menor disponibilidade de carboidratos, e quando solicitado a produzir maior
quantidade de energia durante um exercício,
utilizaria para tanto uma maior quantidade de gordura como combustível.
Esta é uma teoria muito simplista e, na verdade, esbarra em alguns
conceitos que a bioquímica do exercício estabelece. Em primeiro lugar, se de
fato estiver faltando carboidratos para a demanda do exercício, a prática da
atividade estará prejudicada, pois o carboidrato é essencial para a produção de
energia.
A conseqüência inevitável é que o desempenho estará prejudicado e,
portanto, o gasto calórico da atividade pode ser
comprometido. Em outras palavras, o rendimento
pode ser menor e conseqüentemente o propósito de perda de peso
estará minimizado. Outro problema seria a utilização de proteínas para
a produção de energia, suprindo a eventual carência de carboidrato. Nesta
situação, o organismo estaria consumindo massa magra, o que certamente não é o objetivo de quem
pretende perder peso. Além disso, existe um outro grande problema. A eventual
falta de carboidrato, fruto de uma condição de jejum de várias horas, ameaça um
índice que o organismo não pode comprometer que é a glicemia. Ou seja, o nível
de glicose no sangue. A prática de exercício nestas condições pode
provocar mal estar, tontura, e até mesmo uma síncope,
caracterizando um quadro de risco à saúde.
A existência de relatos pessoais de bons resultados deste hábito
absolutamente não credencia sua adoção. Com certeza, quem adota esta prática e
constata que obtém algum resultado está provavelmente se beneficiando do exercício e
não do jejum. Aqueles que, ao contrário, tentaram a prática e
tiveram problemas certamente não relatam o insucesso!
Não deixe de comer com a
falsa ilusão de que assim irá emagrecer mais rápido. A sua dieta não pode ser
uma prática de fome, mas sim um reeducação, coisas certas, em quantidades
certas, nas horas certas. Procure um(a) nutricionista e abasteça seu corpo de
energia. Vamos lá. MEXA-SE!