sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Corrida de rua - Uma prática saudável que requer alguns cuidados



Fala aí meu povo. De uns tempos pra cá você já deve ter lido alguma matéria sobre corrida de rua, né?! E daí pensou: “pronto, agora eu vou correr!”. Ótimo! Fico feliz em saber que você tomou a iniciativa de praticar um exercício. Mas eu te pergunto: você sabe como começar a correr?
Sempre achei a corrida o exercício mais democrático que existe: você pratica a qualquer momento, em qualquer lugar (menos na nossa cidade, com essas ruas e calçadas nem um pouco apropriadas), e treina de acordo com seu nível de condicionamento. Mas não basta calçar os tênis e sair correndo como um louco. Não pretendo escrever aqui um manual de corrida, mas sim, dar um direcionamento pra quem pretende começar a se aventurar nesse apaixonante mundo.
As corridas de rua tornaram-se uma prática bastante comum nos últimos anos. Homens e mulheres de todas as idades têm se dedicado a essa atividade, visando emagrecimento, condicionamento físico e melhora da qualidade de vida. Sem dúvida, a corrida proporciona inúmeros benefícios à saúde, entretanto, é importante salientar que também pode trazer riscos se não houver um planejamento adequado para esse tipo de treinamento.
Durante a realização do exercício, o nosso organismo é desafiado, o que representa uma sobrecarga, principalmente sobre os sistemas cardiovascular e músculo-esquelético. A melhora da capacidade física ocorre graças à exposição sistemática a esse estresse, ou seja, a regularidade do treinamento. No entanto, é importante que haja um período de familiarização e que, posteriormente, o exercício seja realizado de forma gradativa, respeitando o tempo necessário para que ocorram as adaptações dos sistemas orgânicos.
As respostas ao treinamento de corrida irão depender, sobretudo, da regularidade das corridas, da aptidão física atual, do histórico de exercício físico e da pré-disposição genética do indivíduo. Inúmeras evidências científicas têm demonstrado que a prática regular de exercícios aeróbicos (caminhar/correr, com intensidade moderada, 2 a 6 vezes por semana, durante 20-60 minutos) tem impacto significativo sobre o controle da glicemia, pressão arterial, perfil lipídico e composição corporal, assim, reduzindo os fatores de risco para doenças cardiometabólicas e melhorando a qualidade de vida dos praticantes. Todas as pessoas que desejam iniciar a prática da corrida de rua devem estar atentas às seguintes recomendações:

1) Consultar um médico e fazer exames clínicos para checar o seu estado de saúde, obtendo informações sobre sua aptidão física atual.

2) Consultar uma nutricionista para adequar a sua dieta ao seu novo estilo de vida.

3) Consultar um profissional de educação física para planejar um programa de treinamento o adequado, respeitando sua condição física.
4) Mantenha a regularidade do treinamento. Não falte às sessões de exercício, pois a melhora do condicionamento físico é gradativo.
5) Escolha um horário adequado para realizar a sua corrida. Praticar exercícios sob calor intenso aumenta demasiadamente a temperatura corporal, sobrecarregando o sistema termorregulador, elevando a frequência cardíaca e levando à desidratação.

6) Use calçado adequado (tênis com bom sistema de amortecimento), para evitar lesões articulares e roupas leves que permitam a eliminação do calor.

7) Mantenha-se hidratado, beba água ou bebidas esportivas. A perda excessiva de líquidos corporais aumenta a viscosidade sanguínea, sobrecarregando o sistema cardiovascular.

Não sou muito fã do termo “operação verão”, pois pra mim essa operação tem que durar o ano todo. Mas se você se empolga com a proximidade do verão, já está mais do que na hora de levantar do sofá e tomar uma atitude. Vamos lá... Mexa-se!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

VIGOREXIA!

Vamos criar um personagem: Zé. Agora vamos imaginar a seguinte situação: Zé ia à academia três vezes por semana. Depois, começou a frequentar a academia cinco vezes por semana, duas vezes por dia. Comprou pesos e equipamentos e decorou a sequência de exercícios para repetir tudo também aos finais de semana, quando a academia estava fechada. Quando o Zé começou a acordar de madrugada para correr antes de malhar, a mãe desconfiou que alguma coisa estava errada. Ao conversar com profissionais de Educação Física, ela descobriu que o filho poderia ser uma vítima de vigorexia, um transtorno de comportamento que ocorre quando o volume e a intensidade da prática de exercícios físicos excedem a capacidade de recuperação da pessoa. O problema geralmente está associado a uma auto-imagem distorcida, ou seja, a pessoa nunca está satisfeita com a própria aparência. 

Já se sabe que a prática de exercício físico estimula a produção de algumas substâncias, como a endorfina, que produzem uma sensação de bem-estar. Pesquisas recentes mostram que essas substâncias também produzem euforia, melhoram a memória, o bom humor, aumentam a resistência, aliviam dores e têm efeito antienvelhecimento. É normal a gente sentir falta do exercício quando está habituado a ter alguma atividade física. Isso não significa que a pessoa está viciada em exercício. O problema começa quando o exercício se transforma em uma obsessão. Pessoas como Zé não podem ficar nem um dia sem se exercitar e se sentem culpadas se, por qualquer motivo, seu rendimento físico diminui.

Quando a atividade física deixa de estar focada no bem estar e no prazer e se transforma em obsessão, a primeira prejudicada é a saúde. Qualquer profissional da área de Educação Física conhece bem (ou deveria conhecer) o conceito de dose-resposta. Para entender isso pense no exercício como se fosse um medicamento, um antibiótico, por exemplo. Ele deve ser tomado em uma dose e num intervalo de tempo especificados para que o efeito seja o melhor. Se você aumentar aleatoriamente a dose ou diminuir o intervalo da medicação, ela não vai ter um efeito maior nem melhor. Ao contrário, o efeito não será aquele desejado. Isso também funciona para o exercício físico. Existe uma dose ideal em que a resposta é altamente positiva; se a dose for menor ou maior, a resposta não será tão boa. Às vezes, o exercício que pode melhorar a saúde também pode acabar com ela.

A vigorexia é considerada um transtorno obsessivo-compulsivo e dificilmente as pessoas afetadas por esse comportamento conseguem admitir que precisem de ajuda. Alguns sinais podem servir de alerta para amigos e familiares: 

• Preocupação excessiva com a aparência 
• Insatisfação constante e auto-imagem distorcida (a pessoa sempre quer emagrecer mais, ficar mais forte, mais musculosa...) 
• Fixação no desempenho físico (quantos km correu, quantos metros nadou, quanto peso levantou...) 
• A pessoa se sente culpada se deixa de se exercitar ou se o desempenho físico diminui 
• Exercício físico se torna o assunto principal nas conversas 
• A pessoa começa a trocar programas de lazer por exercícios programados 
• Restrições severas na dieta 
• Falta de sono, irritabilidade, falta de concentração 

Para as pessoas que têm na atividade física uma profissão, os limites são diferentes. Os atletas trabalham focados em alvos – campeonatos, torneios, jogos, competições, e sempre têm uma equipe de profissionais que os acompanham. Eles se exercitam com planejamento, sob supervisão e têm metas para alcançar. Por isso não servem de parâmetro para as outras pessoas, que buscam a atividade física para melhorar a qualidade de vida. 

Para pessoas não atletas e que praticam atividade física de forma regular, o exercício precisa dar prazer. A atividade física deve estar focada na saúde. Se ela começar a se tornar obsessiva e trouxer culpa e cobrança, é sinal de doença. Fique atento!