A busca pelo corpo perfeito às
vezes ultrapassa as barreiras do bom senso e do ser saudável. Muitos, na ânsia
por coxas, bíceps, glúteos, abdômen, peitorais e demais “cartões de visitas”
exuberantes, não medem esforços e nem recursos para atingir a tão sonhada boa
forma. Boa forma esta que podemos chamar apenas de aparência, pois os danos
fisiológicos são inúmeros. Recentemente, uma (pseudo)celebridade, participante
de um conhecido reality show, estampou
a capa de revistas, sites e outros meios de comunicação após a descoberta de um
câncer no fígado. Uma frase, dita por ela, revela a origem de sua doença: “Não
recomendo o uso de anabolizantes”. Tarde demais!
Os
anabolizantes são substâncias sintéticas similares aos hormônios masculinos e
de crescimento que promovem aumento da massa muscular e aumentam a capacidade
de absorver as proteínas. Não é de hoje que alguns atletas usam estes
esteróides com o objetivo de ganhar força, resistência e velocidade. Mas foi
nos últimos 10 anos que o abuso dos anabolizantes se disseminou entre frequentadores
de academias, unicamente para melhorar a aparência física. O grande perigo está
no uso indiscriminado destas substâncias, podendo causar efeitos devastadores,
inclusive danos irreversíveis.
O abuso
destas substâncias provoca danos comportamentais (euforia, irritação,
agressividade, insônia), endocrinológicos (acne, aumento dos pêlos corporais,
calvície, aumento das mamas em homens e redução nas mulheres, atrofia dos
testículos, impotência sexual, alterações dos níveis de glicose, irregularidade
menstrual), cardiovasculares (aumento da pressão arterial e dos níveis de
colesterol e triglicerídeos, aumento da chance de infarto e derrame), hepáticos
e renais (o excesso de esteróides via oral ou injetável, será metabolizado pelo
fígado e eliminado pelos rins, podendo causar alterações hepáticas, hepatite,
tumores hepáticos e renais) e músculo-esqueléticos (ruptura de tendões,
artropatias).
É
importante lembrar que os efeitos do desenvolvimento muscular são transitórios
e com o cessar do uso destes esteróides pode ocorrer o desenvolvimento de
dependência psicológica destas substâncias – a VIGOREXIA (já falei sobre
Vigorexia em colunas anteriores).
Nas
academias, a indicação de uso de suplementos alimentares com alto teor de
proteína, creatina e aminoácidos, pode também ser prejudicial, causando
sobrecarga renal. Geralmente esta indicação é feita pelo instrutor ou Personal Trainer, o que é uma prática
errada. Esta função se destina ao Nutricionista. Educador Físico, mesmo aqueles
que dizem ser especialistas em Nutrição Esportiva, não tem como atribuição
profissional a indicação ou prescrição de suplementos, dietas ou cardápios.
Dias atrás um cliente me perguntou: “Renê, você me indica algo para tomar
depois do treino?” Não pensei duas vezes ao responder: “Claro, pode começar
tomando um banho!”.
Outras práticas inadequadas são a
realização de dietas cetogênicas (ingestão de menos de 800 kcal ao dia) com
vistas à perda de peso, mas que causam desequilíbrio do metabolismo. O uso de
substâncias termogênicas para supostamente aumentar o metabolismo basal e o
gasto calórico é desencorajado, já que não possui nenhum embasamento científico
e pelo poder de causar problemas graves cardiológicos e nutricionais.
O que se espera das autoridades é o
controle rígido da comercialização destas substâncias, combatendo a venda de
medicações sem receita médica e campanhas de divulgação dos danos causados a
saúde. E o que eu espero de você, é que não se deixe levar por falsas promessas
ou métodos milagrosos. Cuidado com o que seu colega de academia, ou muitas
vezes seu instrutor, lhe oferece. Nada substitui a prática regular e duradoura
de exercícios físicos e uma alimentação balanceada. Resultados não surgem da noite
pro dia. Resultados são fruto de empenho e dedicação ao longo da vida!
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